Provavelmente você já ouviu esta estória, e está pensando nela agora.
Em 8 de março de 1857, tecelãs de Nova York realizaram uma marcha por
melhores
condições de trabalho, diminuição da carga horária e igualdade de
direitos. Na
época, a jornada de trabalho feminino chegava a 16 horas diárias, com
salários
até 60% menores que os dos homens. Além disso, muitas sofriam agressões
físicas
e sexuais. As manifestantes
foram trancadas na fábrica pelos patrões, que atearam fogo no local,
matando cerca de 130 mulheres.
Só tem um problema com essa versão: é invenção.
Não há registros de greve em 1857, menos ainda numa atrocidade do tipo.
E, curiosamente, apesar do teor fortemente anticapitalista, essa versão
surgiu porque socialistas franceses, seus criadores, queriam ocultar a
origem soviética da data, de forma que ela fosse mais fácil de engolir
no mundo capitalista. "Algumas feministas francesas enxergam esse mito
um capítulo no longo conflito entre feministas e comunistas, sobre se as
mulheres têm direitos além do que lhes é concedido enquanto
trabalhadoras", afirma a historiadora Amy Kaplan, da Universidade da Pensilvânia. Afinal, o que esse mito faz é tornar a causa das mulheres uma questão trabalhista.
O
Dia da Mulher foi proposto diversas vezes. A primeira dela, nos Estados
Unidos, em 1909, 28 de fevereiro, foi organizada pelo Partido
Socialista da América. A data variava de país a país, e de ano a ano,
por conta da conveniência - o ideal era fazê-la cair num domingo. Assim,
em 1914, foi a primeira vez que a data foi celebrada em 8 de março. No
ano seguinte, seria dia 7. Por esses tempos, a maior causa feminista era
a conquista do voto.
Seria a União Soviética a fixar o 8 de
março. Uma greve das trabalhadoras de Petrogrado (atual São
Petersburgo), aconteceu em 8 de março de 1917 (ou 23 de fevereiro, no
antigo calendário juliano que seria substituído após a revolução). A
greve foi foi considerada um dos chutes iniciais da revolução que os
levaria ao poder. Assim, Lênin tornou a data um dia comemorativo oficial
da União Soviética, ainda em 1917. Na Terceira Internacional
Socialista, em 1922, a data foi compartilhada com os demais marxistas do
mundo.
"O Dia Internacional da Mulher continuou a ser um feriado
comunista até 1967", afirma Amy Kaplan. "Foi revivida nos EUA por um
grupo na Universidade do Illinois que incluía filhas de comunistas
americanos que se ouviram falar do feriado. Desde então, se tornou a
ocasião para um novo sentido de consciência feminina e um novo senso de
internacionalismo feminista." Atenção para essa última frase: a origem
pode ter sido comunista, mas hoje é uma causa completamente distinta da
questão trabalhista, menos ainda criação da ditadura do proletariado.
Em 1975, no Ano Internacional da Mulher, a ONU sugeriu a a adoção internacional dessa data. Seria oficializada pela Unesco em
1977.
Fonte: http://aventurasnahistoria.uol.com.br/
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