Um dia depois da presidente Dilma Rousseff anunciar um pacote de medidas para o enfrentamento da seca, prefeitos nordestinos manifestaram não parecer estar "levando fé" na ação e preparam para abril uma marcha em direção à Brasília, batizada de "Movimento dos Sem Água", com o objetivo de pressionar o governo federal a adotar "medidas práticas, objetivas e emergenciais" para "salvar o Nordeste".

Conforme a presidente da União das Prefeituras da Bahia (UPB), a prefeita Maria Quitéria Mendes (PSB), a ideia da marcha surgiu após encontros de dirigentes municipalistas que buscavam ajuda para os nordestinos. "Quando acontece alguma catástrofe no sul ou sudeste, como enchentes e deslizamento, o governo federal responde quase que imediatamente, mas com o Nordeste o tratamento tem sido diferente. Prometem mundos e fundos, mas para que 10% disso vire realidade precisamos fazer um sacrifício enorme", disse

O vice-presidente Institucional da UPB, José Bonifácio, fez coro. "É preciso que os deputados e senadores nordestinos se unam ao movimento e pressionem o governo federal. Quem os elege não é o governo federal, mas o povo que está sofrendo pela ausência de ações palpáveis no combate à seca", declarou, assinalando ter chegado a hora de "peitar a União até que tenhamos a atenção devida ao momento crítico vivido pelo Nordeste". Disse ainda que os nordestinos estão cansados "de conversas e promessas" e precisam de ações concretas".

A UPB calcula que 70% do território baiano é atingido pela seca, colocando em estado de emergência 214, dos 417 municípios do Estado, já nos primeiros meses do ano. Várias lavouras tiveram perdas totais e 300 mil cabeças de gado já morreram. Um retrato da gravidade da situação é o município de Maragogipe, situado no Recôncavo Baiano, no litoral, bem distante do semiárido. Devido ao desabastecimento e ao calor, a prefeitura suspendeu as aulas, implantou sistema de racionamento no fornecimento de água e não dispõe de barragens cheias para os carros pipas buscarem água. Algumas pousadas do município limitaram o banho para os hospedes a um por dia.


Fonte: A tarde

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