Brasileiro
é inegavelmente apaixonado por futebol, contudo a cada quatro anos o brasileiro
revela uma das suas mais intensas paixões: a política. Aqui cabe discutir essa
relação intensa nas pequenas cidades do interior, que são um caso a parte, revelando
personagens e cenas surreais movidas pelo fanatismo exacerbado, numa dualidade
refletida em atos de amor e ódio pelos candidatos às câmaras e, obviamente, às
prefeituras.
Primeiramente,
os carros de som. Nossa, que deplorável o bombardeio com músicas que se faz
maciçamente durante todo o período eleitoral, tendo músicas de incentivo a “x”;
derrubando “y”; falando da mãe de “z” etc. Detalhe que nas últimas eleições
achou-se a fórmula do repeteco musical que, pelo amor de Deus, dói no tímpano
escutar músicas que simplesmente repetem o número/nome do candidato, que
lavagem cerebral ein? Comparando grosseiramente,
lembram-se de Tempos Modernos, com o glorioso Chapplin? Pois é semelhante:
Chapplin ficou com um tique de tanto repetir o movimento de apertar parafuso na
fábrica onde trabalhava, com essas músicas repetitivas eu não duvido de ter
gente que, feito zumbi, vai lá à urna com aquela musiquinha chata na “caramiola”,
aperta os dígitos do candidato e “boom”, lavagem cerebral concretizada. Vejam
bem, o marketing é indispensável na política, agora esse exagero torturante de
sons automotivos e músicas perturbando o sossego público 24 horas por dia,
tenha santa paciência.
Segundo
ponto, os comícios, carreatas, passeatas. Legal, movimento pra chamar o povo,
convocar o apoio popular, erguer a bandeira, defender um ideal. O problema todo
é quando chega a hora de discursar; como se não bastasse o fato de 90% dos
candidatos serem péssimos de retórica e partilharem de um português de dar dó,
99% do tempo de seus discursos são gastos atacando os oponentes, ah e esquecem
até do próprio número. Pessoas é o cúmulo do absurdo! Não vemos praticamente
nenhuma proposta interessante, algum projeto que poderia ser exposto para os
munícipes, nada, é só ofensa daqui, xingamento acolá, da vontade de ir embora.
O detalhe curioso disso tudo é o tom de voz, a grande maioria berra ao
microfone, parecendo pastor da Igreja Universal curando os supostos
endemoniados e a plateia embaixo aplaudindo sem entender bulhufas de nada,
aplaudindo apenas pelo fanatismo, aplaudindo mesmo quando o candidato mete os
pés pelas mãos e começa a falar um monte de abobrinha retalhada.
Por
último e não menos importante, o comportamento dos eleitores, defendendo
ferrenhamente com unhas e dentes o seu candidato, eis que entra um dos piores
elementos de um período eleitoral: o fanatismo exagerado, que chega ao ponto de
amigos virarem inimigos e pessoas com opiniões partidárias opostas se
estapearem feito animais. O respeito pela opinião alheia não existe
literalmente e, como se sabe, interior todo mundo sabe da vida de todo mundo,
quem vota em quem, isso vira um barril de pólvora durante o advento da eleição.
Curioso é que para brigar todos se
mobilizam, já para exercer de fato a cidadania, questionar, a mobilização é
zero. Não adianta sequer argumentar com certos eleitores, o fato é que
praticamente ninguém vai cobrar que apresentem propostas, pasmem, até escuta-se
falar o seguinte: “pra que prometer se não vai cumprir”. Que pensamento viu,
terceiromundista atrasado ao extremo que resulta em quatro anos de retrocesso,
mas é assim, na algazarra, na muvuca, no fuzuê, na porrada que o eleitorado
torna a eleição uma festa, uma festa triste com graves consequências.
Sendo
assim, compreende-se que há a necessidade de evoluir o pensamento político, uma
necessidade gigante, mas é muito difícil, já que a grande parte do eleitorado é
ignorante, facilmente influenciável e mais apaixonado que racional. As
prefeituras e câmaras interioranas se constituem objetos de desejo de políticos
de todas as espécies, neste sentido, caro leitor/eleitor, previna-se,
conscientize-se e vote naquele que apresente algo positivo, ou caso contrário
sofra as consequências de ver o dinheiro público (o seu dinheiro), sendo usado
para fins indevidos, por culpa sua.
Postado
por: Ronivaldo S. de Jesus
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