Um concurso público, via de regra, é um meio legítimo de ingressar num emprego vitalício, salvo em situações em que se prove ilegalidades na prestação de serviços que justifiquem demissão. Diante disso, a concorrência para tais vagas é bastante acirrada e espera-se que as pessoas sejam aprovadas por seus conhecimentos. No entanto, isso parece não ter ocorrido no último concurso público da Prefeitura Municipal de Cipó, a começar pelas diversas retificações no edital 002/2016, inclusive adiando a data do resultado do referido concurso de 15.07 para 10.10.2016, após o resultado das eleições.

No dia 23/08/2016, o vereador Jean Gil Anunciação deu entrada no Ministério Público da Bahia no processo 078.177274/2016 apresentando argumentos alusivos à irregularidades no certame.

Pra começo de conversa, a primeira comissão para esse concurso foi um tanto quanto “escolhida a dedo” dentre os colaboradores do prefeito, a seguir, a empresa escolhida para realizar o concurso, segundo fontes da região, já teve problemas no concurso de Araci e de Ribeira do Pombal e é conhecida por aprovar pessoas do município de Tucano, onde funciona a sede, e, de acordo com essas fontes é conhecida por negociar as vagas em cotas entre os indicados pelo prefeito e os indicados pela empresa.

Os candidatos que prestaram as provas queixaram-se de falta de fiscalização, além de pessoas que não fizeram a prova terem seus nomes divulgados na lista de aprovados, com pontuação, e, logo após a publicação dessa informação na rádio local por uma candidata que não fez a prova e teve seu nome divulgado como aprovada, a prefeitura divulgou imediatamente um edital de retificação.

Um tanto quanto suspeito, não acham? O mesmo “erro” ocorreu também na concorrência para a vaga de médico ortopedista. Outro fato que causa estranheza, é que no prazo de 48 para interposição de recurso, nem a Prefeitura Municipal nem a empresa contratada para realizar o concurso estavam recebendo os candidatos que se sentiram injustiçados.

As supostas irregularidades foram alvo de manifestação ocorrida no último dia 18.10 noticiada pelo blog de Francisley Rodrigues e o que tem causado maior indignação das pessoas é o fato da alta cúpula do poder municipal e seus parentes terem sido aprovadas no concurso, dentro do número de vagas possível para nomeação, dentre eles secretários, assessores, filhos de secretários, filhos e genros do atual gestor.

E nem adianta dizer que é mentira, já que o Diário Oficial do Município é um documento de fé pública e lá consta o nome de todas as pessoas citadas. Mas, de acordo com radialista (cipoense), “todo prefeito faz isso” e nas redes sociais, pessoas do grupo político no poder afirmam que perderam as eleições mas ganharam um concurso.

Nós, cipoenses de bem, nos sentimos envergonhados com as águas enlameadas de um tempo que espero que nunca mais volte, pois quem paga essa conta é cada um de nós. O município retrocedeu décadas em apenas quatro anos em que esse grupo se manteve no poder, debochando de nós e da própria justiça. As perdas para a cidade são irreparáveis.

Contudo, ainda confio em raras instituições, pois a lama invade todos os níveis de poder nesse país. Ainda confio no Ministério Público do Estado da Bahia e que a promotora de Justiça Dra. Polyanna Quintela Franconery, tem ouvido os candidatos e outras pessoas ligadas a esse concurso agirá com a lisura, moralidade e legalidade próprias do órgão que representa, tendo recomendado, na sexta-feira, a anulação do concurso.

A maior parte da população cipoense, em 2012 acreditou nas águas de um novo tempo, eu mesma, apesar de não haver votado neles, sentia a esperança no olhar de nosso povo, tão sofrido, mas desde a nomeação dos cargos de confiança, senti a essa esperança esmaecer e, faltando menos de noventa dias para findar esse mandato imoral, desastroso, que envergonha cada cidadão honesto de Cipó, ele finda da mesma forma que noticiei nos cem dias iniciais: perdido em conchavos e em troca de favores, submerso em águas pútridas!

Por Niclécia Gama, em 21.10.2016

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